Reinaldo Gianecchini e a cobrança da comunidade gay em relação à sua sexualidade

Ok, vou falar sobre o que eu acho do Gianecchini. Eu como uma gay afeminada, drag queen, repreendida desde sempre por quem eu fui e sou. É a minha visão sobre isso que vejo sempre falarem sobre, principalmente os gays. 

Reinaldo Gianecchini nunca se assumiu ou identificou como homem gay. Esse já é um ponto que precisamos RESPEITAR! Muitas pessoas têm a mania de querer tirar o outro do armário, querer que fulano ou sicrano assumam sua homossexualidade, e acabam esquecendo de dois pontos:

1- Cada um sabe a hora certa de expor sua sexualidade, tendo, inclusive, o direito de nunca o fazer. 

2- Debaixo do guarda-chuva do arco-íris, existe uma infinidade de ramificações da sexualidade. Gianecchini assumiu-se recentemente um homem pansexual. Ou seja, ele NÃO é um homem gay. Ele é PANSEXUAL.

No passado, ele teve um relacionamento com a jornalista Marilia Gabriela, que muitos criticavam e acusavam ser uma fachada. Diziam, até, que na verdade, ele namorava o filho de Marília e usava disso para disfarçar e esconder esse relacionamento homossexual. 

O fato é que Giane ficou casado por quase NOVE ANOS com Marília. E em todas as entrevistas eles dizem que foram apaixonados um pelo outro e que foi uma relação muito boa e respeitosa.

Gianecchini tem 50 anos. Ele é de uma geração mais conservadora e, em várias entrevistas, já afirmou ter sofrido bullying quando mais novo. Inclusive, nessa entrevista para o Bial, ele cita a a necessidade que ele tinha de se manter macho, durão, com a preocupação de nunca demonstrar um jeito mais afeminado. 

Não podemos julgar uma pessoa que sofre tendo que esconder quem ele é para saciar as expectativas de sua família e da nossa sociedade. Gianecchini foi alçado ao título de maior galã da Globo, em uma época que assumir-se LGBT era assinar o fim de sua carreira.

O fato é que quando essas pessoas da comunidade LGBTQIAP+ escondem e fogem de suas naturezas e do meio dos seus, eles perdem a noção de comunidade e da importância de ser um aliado da causa. Giane é um homem privilegiado. Branco, de família classe média, nunca precisou se preocupar com as lutas que nós viados, drags, trans, tivemos e ainda temos que lutar para garantir o respeito e o direito que todos merecemos.

E muitos de nós ainda somos assim. Eu mesmo tenho amigos gays brasileiros que moram em NYC e são contra paradas lgbt’s, casamentos homoafetivos e manifestações públicas de carinho. Isso é um egoísmo que nasce de lugares como os que Giane viveu.

Quando afastam-se ou escondem-se da nossa comunidade, eles “escolhem” fechar os olhos para todos os problemas que nos envolvem, assumem um lugar de egoísmo e falta de empatia pelos nossos.

Mas Giane vem se reconstruindo, e nunca é tarde para isso. Ele vai ter falas erradas, foram quase 50 anos pra ele começar a enxergar a importância da militância na vida dele. E foi preciso um personagem em uma peça de teatro para que ele começasse a abrir seus olhos para essas questões.

Enfim, muito texto. Deu sede. Mas precisava opinar sobre isso. Posso não concordar com muitos posicionamentos dele sobre as questões LGBTQIAP+, mas eu me esforço para entender de onde isso pode vir. E entender ele e tantos outros iguais a ele, também faz parte do nosso crescimento como individuos lgbts.

Pietra Parker Queen
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.